Nota pública – Ato Fora Temer, 02 de setembro de 2016

14238156_1114107761960425_839913851101203405_nFoto de Eduardo Valente (Todos os direitos reservados.)
Na noite de ontem, as ruas do centro foram tomadas por cerca de 20 mil manifestantes. Desde o princípio, nossa motivação era a de realizar um ato pacífico contra o governo Temer e o golpe que se estabeleceu em nosso país. Manifestar é um direito constitucional de todos os cidadãos e cidadãs.
Desde o início da tarde, um cenário de intimidação já se desenhava pela cidade. Viaturas e helicópteros rondavam as universidades públicas. No centro, um efetivo desproporcional em número e armamento nos aguardava, criando assim um clima de guerra e confronto anterior à manifestação, totalmente incompatível com qualquer governo que se pretenda democrático. A preocupação com tal situação já havia sido expressa pela Comissão de Direitos Humanos da OAB, que soltou uma nota exigindo que o estado de Santa Catarina nos tratasse com o mesmo respeito e cordialidade demonstrados frente às manifestações a favor do “impeachment”.

Durante o ato, dialogamos sobre a atual situação do país, com alegria, música, gritos de ordem, bandeiras e faixas. Até onde os manifestantes conduziram o ritmo e o trajeto, tudo ocorreu com tranquilidade. Porém, o comando da polícia militar subitamente decidiu fechar o diálogo com os manifestantes, impedindo a continuação da caminhada. Como bem comprovam as imagens feitas durante esse momento – em que nos encontrávamos completamente encurralados na estreita rua Crispim Mira –, a polícia tentou dispersar a manifestação de forma totalmente irresponsável, iniciando uma chuva de bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e balas de borracha, avançando com a cavalaria para cima da multidão. Em meio ao caos provocado pela polícia, algumas pessoas ficaram feridas e um rapaz chegou a ter convulsões provocadas pela inalação de gás. A polícia militar agiu de forma estúpida e violenta, impossibilitando todas as alternativas de trajeto e impedindo nossa circulação pela cidade.

Nós repudiamos veementemente as ações truculentas da polícia militar. Responsabilizamos o comando da Polícia Militar de Santa Catarina e o coronel (sem identificação), que estava à frente das guarnições, pelo desencadeamento de todas as ações que aconteceram após a repressão violenta de um ato pacífico, impedindo a dispersão dos manifestantes e colocando em risco a vida de milhares de pessoas.

Chamamos a responsabilidade das autoridades pertinentes, em especial, do governador do estado e do prefeito, pela manutenção do diálogo e garantia da livre manifestação democrática da população de Florianópolis. É preciso que se abra diálogo urgente, pois não temos dúvida que a violência só fará aumentar mais a indignação popular. Que fique claro, os manifestantes voltarão em número cada vez maior para as ruas, para darmos um basta ao golpe, ao governo Temer, e a todos os ataques aos nossos direitos sociais.
Rede Fora Temer

Florianópolis, 03 de setembro de 2016.

Algumas das ações truculentas da Polícia Militar de Santa Catarina:
– oficiais e graduados sem identificação;
– encurralamento em vias estreitas;
– chuva de bombas de gás, tiros de balas de borracha e spray de pimenta sobre os manifestantes;
– utilização de material explosivo próximo a posto de combustível;
– impedimento da dispersão pacífica e segura da manifestação;
– falta de diálogo do comando da PM, se recusando ao bom senso;
– agressão gratuita a cidadãos e cidadãs durante e após a manifestação;

– coerção de cidadãos antes, durante e após a manifestação.

14117944_1114108091960392_7662696151458425081_nFoto de Eduardo Valente

18 comentários sobre “Nota pública – Ato Fora Temer, 02 de setembro de 2016

  1. Que fique claro, os manifestantes voltarão em número cada vez maior para as ruas, para darmos um basta ao golpe, ao governo Temer, e a todos os ataques aos nossos direitos sociais.
    Rede Fora Temer
    Florianópolis, 03 de setembro de 2016.

  2. Juntos!
    Pelo direito constitucional.
    Que o estado respeite o direito a manifestação, sem intimidação e com cordialidade.
    Chamemos a responsabilidade das autoridades pertinentes !
    #Direitocidadão

    1. Tatiana, eu estava lá foi um absurdo. Nos encurralaram na Crispim Mira, com a intenção de nos aterrorizar. mas não conseguirão. Fascistas, golpistas, não passarão.

  3. Tenho 55 anos, estava lá e posso atestar a gratuidade da ação policial. mesmo após a dispersão continuam avançando contra grupos que se dirigem para casa e dirigindo viaturas em alta velocidade com a intenção clara de criar um falso clima de caos e barbárie. dos transeuntes o que mais se ouvia era: pra que isso ?!

    1. Eu participei na beiramar do protesto. Foi programado o protesto. Foi avisado a polícia do percurso com antecedência. Foi avisado com antecedência aos manifestantes qual seria o percurso. Foi solicitado a escolta do protesto diferente do que acontece agora onde não há diálogo com a segurança da cidade e querem ir onde tiver interesse. Essa é a diferença. Sou contra Dilma, sou contra temer, sou contra danificar patrimônio público ou privado.

    2. Eu também estava lá e presenciei a truculência e a violência gratuita da polícia. Um verdadeiro retrocesso aos tempos da ditadura. Uma manifestação pacífica se transformou em um confronto em função da polícia querer impedir a livre manifestação dos cidadãos e o direito de ir e vir. Escudos, bombas, armas, totalmente desproporcional. Flagrantemente inconstitucional e antidemocrático. Precisa haver ampla divulgação do ocorrido, na mídia nacional e internacional para que se mostre a todos o desrespeito ao Estado Democrático de Direito impetrado pelo Estado de Santa Catarina em favor do governo golpista. Por que nas manifestações pró-impeachment (pró-golpe) a polícia não agiu assim?…

  4. Brava Gente, estão todos de parabéns, são todos corajosos e a coragem é a maior virtude dos fortes!! Sei de muita gente que não foi exatamente por este clima que precedeu a manifestação, mas acredito muito que no próximo vamos dobrar o número e assim por diante, até a queda do TRUCULENTO GOLPISTA TRAIDOR TEMER! – Devemos lembrar também que a responsabilidade pela polícia Militar é do Estado de Santa Catarina na figura de seu Governador, e que se a polícia agiu contra uma população de Jovens, Crianças, Mulheres, Idosos, em uma manifestação pacífica, a responsabilidade cabe, também, ao Governo Estadual. Não aceitamos o Governo Temer e faremos manifestações PACÍFICAS, cada vez maiores, onde possamos externar nossa indignação com o GOLPE. Reafirmo faremos outra maior e com o mesmo princípio de PAZ e HARMONIA com o mundo, pois somos cidadãos brasileiros de PAZ, temos os nossos direitos e queremos que sejam respeitados.

  5. Estive lá como cidadã com direito de expressar meu descontentamento e vi como a polícia estava nos aguardando com um aparato de guerra, nos encurralando. As manifestações são pacíficas sim, parece que a truculência da PM tem como objetivo isso mesmo: acirrar os ânimos e deslegitimizar o movimento.

  6. Sugiro outra estratégia, menos óbvia à resistência dos apoiadores ao golpe. Fazer uma manifestação diferente e familiar. Porque não planejar um “piquenique manifesto”, organizado no Parque de Coqueiros, por exemplo, justamente por este ser o parque, vitrine da prefeitura de Fpolis e improvável de manifestaçoes contrárias ao governo instalado?

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